Paulo Barreto (João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto; pseudônimo literário: João do Rio), jornalista, cronista, contista e teatrólogo (1881-1921).
Foto publicada em FON-FON!: semanario illustrado. Rio de Janeiro, p. 11. 13 fev. 1909
“Para que fingir lágrimas e escrever sonetos contando velhas coisas líricas que já se não usam e sabem tanto a recantos de antigas bibliotecas? A vida fez a renovação de todas as figuras estéticas, dos velhos moldes literários. A paisagem com a vegetação dos canos das usinas, as sombras fugitivas dos aeroplanos e a disparada dos automóveis, os oceanos sulcados rapidamente, desventrados pelos submarinos, os dramas que esses ambientes novos dão às cidades cortadas de aço, cachoeirando por cima, por baixo em borbotões, as multidões apressadas, a exibição do luxo, a nevrose do reclamo em iluminação de mágica, os negócios, o caráter, as paixões, os costumes, em que o sentimento das distâncias desaparece, o crescente esmagamento do inútil, a flora formidável do parasitismo e do vício, o amor, a vida dos nervos centuplicada, obrigam o artista a sentir e ver de outro feitio, amar de outra forma, reproduzir de outra maneira. Faz-se um poema de maravilha visível e de emoção aguda vendo uma fábrica”.
Discurso de posse de João do Rio [Paulo Barreto], na ABL em 1910.
Disponível em: https://www.academia.org.br/academicos/paulo-barreto-pseudonimo-joao-do-rio/discurso-de-posse